terça-feira, 30 de outubro de 2012

Poema - "Pedra da Calçada"

Como primeiro post da minha nova página de produções escritas, deixo-vos com o primeiro poema de sempre que redigi e com o qual concorri recentemente à iniciativa 15_25 para a a categoria de poesia dinamizada pela revista "Ler". Desde já obrigado por verem e espero que gostem!



 A noite cai leve e breve. 
Com ela vem a melancolia,


 E apodera-se o silêncio.
 Contemplo-te, fascinado.

A ti, solitária pedra desta calçada.
 Foste nada e tudo.
 Foste tudo e nada.
 Quão ingrato não é o mundo?
 
Quantos embriagados em ti tropeçaram? 
 Quantos casais por ti alegremente caminharam?

 Quantos revoltosos sobre ti se manifestaram,
 E quantos absortos te ignoraram?

 Estás sozinha, impotente, enrugada,
 De um tempo que não te fez nada.
 Continuas triste e desapoiada,
 À espera da Revolução. Ela tarda...

 Oh! Como te invejo... Tu viveste
 A história, testemunhaste a farsa!
 É este o teu Fado: 
Seres outra pedra desta praça.