A noite cai
leve e breve.
Com ela vem a melancolia,
Com ela vem a melancolia,
E apodera-se o silêncio.
Contemplo-te, fascinado.
A ti, solitária pedra desta calçada.
Foste nada e tudo.
Foste tudo e nada.
Quão ingrato não é o mundo?
Quantos embriagados em ti tropeçaram?
Quantos casais por ti alegremente caminharam?
Quantos revoltosos sobre ti se manifestaram,
E quantos absortos te ignoraram?
Estás sozinha, impotente, enrugada,
De um tempo que não te fez nada.
Continuas triste e desapoiada,
À espera da Revolução. Ela tarda...
Oh! Como te invejo... Tu viveste
A história, testemunhaste a farsa!
É este o teu Fado:
Seres outra pedra desta praça.
Seres outra pedra desta praça.