Desde o teu nascimento, da Serra da Estrela até à Figueira da “tua” Foz e
passando pela inigualável cidade de Coimbra: é este o teu curso e percurso. Abasteceste populações durante séculos, que se estabeleceram pela tua
dádiva. Teu nome traz lenda, presença e magia a toda uma cidade, a toda uma região e a todo um país.
Miro-te. Incidem sobre ti os reflexos das luzes e, na água, a
projecção do maior símbolo da minha e tua cidade: a torre da “Cabra”. As tuas águas passam sem destino. Limitam-se a
seguir o seu curso e a ir em frente, sabem lá para onde. Não tens objectivo, não pensas, não
sentes. Mas despertas em mim e em todos os conimbricenses pensamentos e
sentimentos únicos. Consegues fazê-lo sem ter conhecimento, sendo simplesmente tu mesmo. Invejo-te.
És um dos meus maiores orgulhos.
Marcas a cidade assim como as pessoas que banhas e que em ti se banham, seja num simples
e refrescante mergulho ou numa inevitável consequência “universitária”.
Contigo vivi, vivo e viverei o amor, tal como os tão desgraçados Pedro e
Inês, imortalizados na ponte que sobre o teu eixo seu amor eterno reencontram. O amor é
desgraçado, mas ao mesmo tempo a coisa mais bonita e singela do universo. Contigo
sorri e contigo chorei, Mondego.
Vá para onde for, irás fazer-me
companhia. Nas memórias, para onde quer que eu vá, vou recordando tais e todas tão
formosas peripécias. Tenho e terei toda a coragem de dizer seja onde for seja
a quem for que sou de Coimbra, que nasci e cresci em Coimbra e de mãos dadas o
Mondego, com todo o orgulho. Porque
ser de Coimbra é ser diferente. É ser maior e melhor. É ser único.